segunda-feira, 29 de março de 2010
O OBJETO
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19:46
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ela vai apagar de roupa, que é pra subverter e não se sentir tão 'em casa.'
aquela velha desculpa do controle, da tv ligada, do som. do celular aceso: 'vai que alguém liga'.
alô solidão.
'e eu não me aturo'.
cobrir com a toalha, e desmachar aos poucos a colcha - mas isso só durante a madrugada - quando o juízo for entregue ao sono dos justos e dos corajosos (é sonho, é tudo válido!).
acordar no dia seguinte e pensar: e não foi que eu durmi? mas eu sei, tinha outros planos...mas até que a cama é boa.
a rotina não muda: a tv tá ligada, o celular ela carrega. a cafeteira ainda suja, desde o tempo em que ela durmia - e faz tempo - que a cafeteira tá suja.
ela se obriga a ir á padaria. desdenha dos pães de ontem. tem um novo desejo: pão doce.
a teia dos vícios. e quando não se tem nada, se cria laços com: comidas, objetos, astros, universo, internet, línguas, lençois de terceiros...
lá vai, ao sol - borrada de lápis preto -, com sua calça curta e sua blusa branca-amarelada - curtida pelo sol, sal, alvejante e a porra - e faz tempo que tá suja.
sente uma leve tontura ao sair, de peito aberto, ás 8:30 da manhã - 'e nem sabia que existia mais 8:30'.
ri dos pássaros - 'que são os mesmos que cantavam antes? ou todos cantam a mesma melodia? e nem lembrava que a manhã existia - e é como vir de tarde, só que mais fresco, rola esse vento matreiro...'
o pão na mão, e o caminho de volta - o mesmo.
e pensa na mocinha do caixa: cabelos lisos, franja caída no olho, esses rasgados e mel, peito bojo - sem necessidade - mãos bem feitas, um sorriso largo e um anel no anelar.
'e ainda hoje há isso? a necessidade de se prender um dedo pelo outro, um dedo...um dedo de amor. isso não é amor, isso é um tumor!'
abre o portão - ignora totalmente o mato grande que cresce deliberadamente no jardim, que não é mais jardim...
'porra, esqueci do chá!'
vícios - rotina - chá - vícios mil - rotina - chá.
respira fundo: leite.
põe bossa nova prá tocar - arrisca uns passos solitários e desajustados de dança com a vassoura arriada, ora ela conduz, ora é conduzida.
começa a imaginar um vestido tubinho preto, nada muito indecente - mas que suas ancas ficassem proeminentes, que sua saboneteira convidasse a conhecer seus seios - 'bojo sim, bojo não?'
telefone toca - 9:03 - 'não vou atender.'
telefone toca - 9:15 - 'não vou atender'
telefone toca - 9:27 - 'desliga o telefone'
'a água do chá' - não há chá.
leite - resto.
pão - 'sem mais vontade'.
tv ligada, e passa um filme de ação - ela se sente só - precisa de realidade programada, calor, calor - arder.
muda de canal: fofocas parece encher seus ouvidos, que mal decodificam o que é falado - calor, calor.
e quanto tempo é passado ali, sentada e só?
'entre as coxas duma puta há mais de sete gozos'
observa seus dedos, suas unhas - rachadas - sua pele em tom esverdeado; seus pêlos que crescem 'a vida se manisfesta em mim...'
'o filho é dele sim, é só fazer o dna! nós fomos passar o carnaval em búzios, e aí nós transamos em...' - e a apresentadora faz caras e bocas e se controla para não chamar á atenção da 'modelo', dizendo um: vocês fizeram amor, é isso? e ela completa com: 'sim, nós trepamos.'
ela acende um cigarro velho do cinzeiro e relembra de seus homens - por empréstimos - segundos, minutos, horas - não mais.
gozos e dores de cabeça. cólicas e dores de cabeça. remédios e dores de...
'onde é que eu estava com a cabeça quando me meti com zé? aquele fela da puta desgraçado'
e a sinestesia toma conta da sala: cheiro da madeira do quarto de seu primo: zé. o mesmo de sua mãe, sua casa. cheiro da inocência corrompida. 'tanto faz, é passado.'
'e quando éramos pequenos, batíamos o record do louvre em plena copacabana. bons tempos, em que os homens não eram homens e a eu era feiche de luz'
repusa a mão sobre o ventre comtemplando sua filha: samambaia ressequida.
aquela velha desculpa do controle, da tv ligada, do som. do celular aceso: 'vai que alguém liga'.
alô solidão.
'e eu não me aturo'.
cobrir com a toalha, e desmachar aos poucos a colcha - mas isso só durante a madrugada - quando o juízo for entregue ao sono dos justos e dos corajosos (é sonho, é tudo válido!).
acordar no dia seguinte e pensar: e não foi que eu durmi? mas eu sei, tinha outros planos...mas até que a cama é boa.
a rotina não muda: a tv tá ligada, o celular ela carrega. a cafeteira ainda suja, desde o tempo em que ela durmia - e faz tempo - que a cafeteira tá suja.
ela se obriga a ir á padaria. desdenha dos pães de ontem. tem um novo desejo: pão doce.
a teia dos vícios. e quando não se tem nada, se cria laços com: comidas, objetos, astros, universo, internet, línguas, lençois de terceiros...
lá vai, ao sol - borrada de lápis preto -, com sua calça curta e sua blusa branca-amarelada - curtida pelo sol, sal, alvejante e a porra - e faz tempo que tá suja.
sente uma leve tontura ao sair, de peito aberto, ás 8:30 da manhã - 'e nem sabia que existia mais 8:30'.
ri dos pássaros - 'que são os mesmos que cantavam antes? ou todos cantam a mesma melodia? e nem lembrava que a manhã existia - e é como vir de tarde, só que mais fresco, rola esse vento matreiro...'
o pão na mão, e o caminho de volta - o mesmo.
e pensa na mocinha do caixa: cabelos lisos, franja caída no olho, esses rasgados e mel, peito bojo - sem necessidade - mãos bem feitas, um sorriso largo e um anel no anelar.
'e ainda hoje há isso? a necessidade de se prender um dedo pelo outro, um dedo...um dedo de amor. isso não é amor, isso é um tumor!'
abre o portão - ignora totalmente o mato grande que cresce deliberadamente no jardim, que não é mais jardim...
'porra, esqueci do chá!'
vícios - rotina - chá - vícios mil - rotina - chá.
respira fundo: leite.
põe bossa nova prá tocar - arrisca uns passos solitários e desajustados de dança com a vassoura arriada, ora ela conduz, ora é conduzida.
começa a imaginar um vestido tubinho preto, nada muito indecente - mas que suas ancas ficassem proeminentes, que sua saboneteira convidasse a conhecer seus seios - 'bojo sim, bojo não?'
telefone toca - 9:03 - 'não vou atender.'
telefone toca - 9:15 - 'não vou atender'
telefone toca - 9:27 - 'desliga o telefone'
'a água do chá' - não há chá.
leite - resto.
pão - 'sem mais vontade'.
tv ligada, e passa um filme de ação - ela se sente só - precisa de realidade programada, calor, calor - arder.
muda de canal: fofocas parece encher seus ouvidos, que mal decodificam o que é falado - calor, calor.
e quanto tempo é passado ali, sentada e só?
'entre as coxas duma puta há mais de sete gozos'
observa seus dedos, suas unhas - rachadas - sua pele em tom esverdeado; seus pêlos que crescem 'a vida se manisfesta em mim...'
'o filho é dele sim, é só fazer o dna! nós fomos passar o carnaval em búzios, e aí nós transamos em...' - e a apresentadora faz caras e bocas e se controla para não chamar á atenção da 'modelo', dizendo um: vocês fizeram amor, é isso? e ela completa com: 'sim, nós trepamos.'
ela acende um cigarro velho do cinzeiro e relembra de seus homens - por empréstimos - segundos, minutos, horas - não mais.
gozos e dores de cabeça. cólicas e dores de cabeça. remédios e dores de...
'onde é que eu estava com a cabeça quando me meti com zé? aquele fela da puta desgraçado'
e a sinestesia toma conta da sala: cheiro da madeira do quarto de seu primo: zé. o mesmo de sua mãe, sua casa. cheiro da inocência corrompida. 'tanto faz, é passado.'
'e quando éramos pequenos, batíamos o record do louvre em plena copacabana. bons tempos, em que os homens não eram homens e a eu era feiche de luz'
repusa a mão sobre o ventre comtemplando sua filha: samambaia ressequida.
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