domingo, 28 de março de 2010
CABRÓN
postado por .
@
06:03
0 Comentários
e por que chovia aquela hora?
'eu acho que tenho alergia áquele molho agridoce maldito'
e por que ela cantava?
'vamos comemorar a vida de quem já morreu'
iamos andando por entre mendigos e ciganas pegajosas, entre a rua e o meio fio.
e ela sempre se equilibrando em 'são paulo', não deixando nem a ponta dos pés enconstarem em 'outros estados'; e eu ria, eu ria daquilo tudo, e da forma como ela soltava sua fumaça, pra cima; pra ela.
'ela quer se comer' - pensava eu, em torno a pensamentos cílicos, e totalmente mau organizados - 'ela vai se fuder, ela liga o foda-se, ela vai se fuder.'
tudo girava, e nós ali - babando o ovo da fragilidade casual, eventual - e do tempo que ia pasando, e do tempo que ia comendo, rasgando...
'tenho fios brancos, de preocupação organizada. e se eu continuar assim logo chegarei a ser minha avó. terei de me mimar, terei de quebrar minhas regras...você entende? você entende o que eu digo?'
'não. eu entendo que não quero ter cabelos brancos; por que vão me perguntar: o que te valeu? e eu não terei resposta. entende? você entende o que eu digo?'
'mas eu não terei, suponho.'
'não te incomoda?'
'não sei. não sei o que valeu, não quero pesar. e além do mais, o que te sobra além das coisas casuais?'
'achando que sofrer é 'viver' demais'
'você é uma puta! a música não é assim...'
'sou uma puta envergonhada, isso sim'
um mendigo caído no chão da esquina, soltando brados eloquentes - algumas palavras sem sentido, nexo -
'é um absurdo, eles querem o pó da virgindade polida, na rádio que transcende do ratátán, e depois querem que eu seja vidente deles.
eles são uns ratos roídos. a fome, eles comem e deixam-na entrar, como se fosse um castor. e ela entra, por que fica fascinada com a política estrutural dos dentes mal-acabados...'
'e qual era a possibilidade de encontrarmos um mendigo poético?'
rimos da insensatez...
o tal nos olha, fixando o olhar em qualquer outro ponto comum, que não seja nós.
'beuzebú. a pequena e a gigante. duas crianças na noite se fodendo feito gente grande!' - disse o mendigo poético da noite tépida, fazendo o sinal da cruz e cuspindo uma baba viscoça, que por pouco, não caem entre meus dedos.
'e por que o senhor, do alto da sua razão diz isso? foder de gozar ao final? eu quero foder, você quer não?
'vá de ré, satanás! me deixe queito aqui, sai daqui o cês duas são um monte de mierda!'
'somos, mas não fedemos. pois então, trago uma proposta...faça um poema pra nós, que te compro uma dose de branquinha; só por que estamos feliz hoje. aceitas?'
'não sou bobo,' ele' mandou o cês aqui.'
'e disse que era bom o senhor ajudar...que vai te encontrar ao final de três doses de jureminha. vamos nessa, eu sei que quer.' - pensei: ela jogou baixo.
ele dava uns trancos com a cabeça; ora lado esquerdo, ora direito. era a personificação da malandragem que pirou.
'e então? três juremas?'
'pero que si pero que no'
'pero que si pro que no? e isso vem de onde? hablas español? cabrón!'
'eu tô com fome, quero quatro ovos cozidos e quatro dosesinhas'
'três'
'quatro'
'pô malandragê, quatro quebra a gente'
'duas é muito pouco, e três...é número ímpar. e não vou muito com a cara dos números 'ímpar', sabe?'
'que seja.'
'feito'
'pois tá.'
por alguns segundos todos nós nos olhamos.
'e então?'
'e aí tio, vai declamar?'
'o que?'
'porra, o poema.'
'a sim...vocês me dão um tempinho? preciso me concentrar. tenho de dizer ao cosmos que duas meninas querem o que querem.'
'pois não demore, você sabe que mais tarde os leões tomam conta daqui, e somos frágeis.'
'os leões não existem, pequena.' - disse o mendigo, fitando-me um olhar de compaixão, quase paterno e fraternal.
'os leões não existem...'
exatos sete minutos depois, el cabrón volta, com um sorriso no rosto, e um ar de poeta total (e com razão) decadente.
'não consegui pensar em nada, acho que 'ele' não quer que faça.'
''ele' quer sim.'
'ficaria feliz com uma dose antecipada de branquinha'
'tira da bolsa e dá pra esse pedinte incontrolável uma dose, mas só uma hein.'
'estou feliz señoras'
'ele já está me cansando, vamos embora?'
'claro que não, quero ver o quão vendido ele é. e então, cabrón, vamos lá?'
'señoras, el poema:
duas cadelas passeando pela rua. uma ri e a outra vê, aquilo que possivelmente você veria com displicência. uma gosta e a outra tem, aquilo que você descarta feito um papel de mercado, que não serve aparentemente pra nada. e quando se escuta o som, aquele som de seus sapatos apertados, e os gemidos altos daquela cama frouxa se sabe que elas não mais voltarão. por que elas não dormem e elas sentem o calor que vem do chão. e por que não? e por que não acompanhá-las? e por que não juntar os trapos com trapos mais dissumulados, feito os delas? por que elas não têm a coragem que eu tenho. por que elas só sentem e só. e sentir não é viver. repartir é contribuir, e ver, e sentir e gozar daquilo que ela vê, e rir daquilo que ela ouve...
e vocês criarão raízes, e sentirão falta do que não se deram a liberdade.
e não é condição de um mendigo cabrón, desesperado por uma pinga vagabunda, e por 4 ovos durmidos de um bar tétrico - meu bolso está cheio - é o reflexo de vocês, refletido em ondas sonoras...
vocês são uma mierda! eu sinto o cheiro de vocês, mistificado entre angel e 212.
COVARDES!
nos olhamos, numa viagem:
chão-eu-ela-chão-céu-eu-ela-nós.
'é, você tem um bom olfato. é 212 e angel'
'pois é, bom olfato mesmo, cabrón'
duas sem-graça tentando subverter a apunhalada de um mendigo cabrón.
'alguém quer um ovo podre do bar da esquina? acho que esse clima está meio pesado...gostaria de me redimir da verdade sem-vazelina que introduzi em vocês; sexo-animal.'
'aceito, cabrón.'
'zé do boi, cabrón fica pros desconhecidos metidos a besta.'
'vamos lá, zé do boi...'
'eu acho que tenho alergia áquele molho agridoce maldito'
e por que ela cantava?
'vamos comemorar a vida de quem já morreu'
iamos andando por entre mendigos e ciganas pegajosas, entre a rua e o meio fio.
e ela sempre se equilibrando em 'são paulo', não deixando nem a ponta dos pés enconstarem em 'outros estados'; e eu ria, eu ria daquilo tudo, e da forma como ela soltava sua fumaça, pra cima; pra ela.
'ela quer se comer' - pensava eu, em torno a pensamentos cílicos, e totalmente mau organizados - 'ela vai se fuder, ela liga o foda-se, ela vai se fuder.'
tudo girava, e nós ali - babando o ovo da fragilidade casual, eventual - e do tempo que ia pasando, e do tempo que ia comendo, rasgando...
'tenho fios brancos, de preocupação organizada. e se eu continuar assim logo chegarei a ser minha avó. terei de me mimar, terei de quebrar minhas regras...você entende? você entende o que eu digo?'
'não. eu entendo que não quero ter cabelos brancos; por que vão me perguntar: o que te valeu? e eu não terei resposta. entende? você entende o que eu digo?'
'mas eu não terei, suponho.'
'não te incomoda?'
'não sei. não sei o que valeu, não quero pesar. e além do mais, o que te sobra além das coisas casuais?'
'achando que sofrer é 'viver' demais'
'você é uma puta! a música não é assim...'
'sou uma puta envergonhada, isso sim'
um mendigo caído no chão da esquina, soltando brados eloquentes - algumas palavras sem sentido, nexo -
'é um absurdo, eles querem o pó da virgindade polida, na rádio que transcende do ratátán, e depois querem que eu seja vidente deles.
eles são uns ratos roídos. a fome, eles comem e deixam-na entrar, como se fosse um castor. e ela entra, por que fica fascinada com a política estrutural dos dentes mal-acabados...'
'e qual era a possibilidade de encontrarmos um mendigo poético?'
rimos da insensatez...
o tal nos olha, fixando o olhar em qualquer outro ponto comum, que não seja nós.
'beuzebú. a pequena e a gigante. duas crianças na noite se fodendo feito gente grande!' - disse o mendigo poético da noite tépida, fazendo o sinal da cruz e cuspindo uma baba viscoça, que por pouco, não caem entre meus dedos.
'e por que o senhor, do alto da sua razão diz isso? foder de gozar ao final? eu quero foder, você quer não?
'vá de ré, satanás! me deixe queito aqui, sai daqui o cês duas são um monte de mierda!'
'somos, mas não fedemos. pois então, trago uma proposta...faça um poema pra nós, que te compro uma dose de branquinha; só por que estamos feliz hoje. aceitas?'
'não sou bobo,' ele' mandou o cês aqui.'
'e disse que era bom o senhor ajudar...que vai te encontrar ao final de três doses de jureminha. vamos nessa, eu sei que quer.' - pensei: ela jogou baixo.
ele dava uns trancos com a cabeça; ora lado esquerdo, ora direito. era a personificação da malandragem que pirou.
'e então? três juremas?'
'pero que si pero que no'
'pero que si pro que no? e isso vem de onde? hablas español? cabrón!'
'eu tô com fome, quero quatro ovos cozidos e quatro dosesinhas'
'três'
'quatro'
'pô malandragê, quatro quebra a gente'
'duas é muito pouco, e três...é número ímpar. e não vou muito com a cara dos números 'ímpar', sabe?'
'que seja.'
'feito'
'pois tá.'
por alguns segundos todos nós nos olhamos.
'e então?'
'e aí tio, vai declamar?'
'o que?'
'porra, o poema.'
'a sim...vocês me dão um tempinho? preciso me concentrar. tenho de dizer ao cosmos que duas meninas querem o que querem.'
'pois não demore, você sabe que mais tarde os leões tomam conta daqui, e somos frágeis.'
'os leões não existem, pequena.' - disse o mendigo, fitando-me um olhar de compaixão, quase paterno e fraternal.
'os leões não existem...'
exatos sete minutos depois, el cabrón volta, com um sorriso no rosto, e um ar de poeta total (e com razão) decadente.
'não consegui pensar em nada, acho que 'ele' não quer que faça.'
''ele' quer sim.'
'ficaria feliz com uma dose antecipada de branquinha'
'tira da bolsa e dá pra esse pedinte incontrolável uma dose, mas só uma hein.'
'estou feliz señoras'
'ele já está me cansando, vamos embora?'
'claro que não, quero ver o quão vendido ele é. e então, cabrón, vamos lá?'
'señoras, el poema:
duas cadelas passeando pela rua. uma ri e a outra vê, aquilo que possivelmente você veria com displicência. uma gosta e a outra tem, aquilo que você descarta feito um papel de mercado, que não serve aparentemente pra nada. e quando se escuta o som, aquele som de seus sapatos apertados, e os gemidos altos daquela cama frouxa se sabe que elas não mais voltarão. por que elas não dormem e elas sentem o calor que vem do chão. e por que não? e por que não acompanhá-las? e por que não juntar os trapos com trapos mais dissumulados, feito os delas? por que elas não têm a coragem que eu tenho. por que elas só sentem e só. e sentir não é viver. repartir é contribuir, e ver, e sentir e gozar daquilo que ela vê, e rir daquilo que ela ouve...
e vocês criarão raízes, e sentirão falta do que não se deram a liberdade.
e não é condição de um mendigo cabrón, desesperado por uma pinga vagabunda, e por 4 ovos durmidos de um bar tétrico - meu bolso está cheio - é o reflexo de vocês, refletido em ondas sonoras...
vocês são uma mierda! eu sinto o cheiro de vocês, mistificado entre angel e 212.
COVARDES!
nos olhamos, numa viagem:
chão-eu-ela-chão-céu-eu-ela-nós.
'é, você tem um bom olfato. é 212 e angel'
'pois é, bom olfato mesmo, cabrón'
duas sem-graça tentando subverter a apunhalada de um mendigo cabrón.
'alguém quer um ovo podre do bar da esquina? acho que esse clima está meio pesado...gostaria de me redimir da verdade sem-vazelina que introduzi em vocês; sexo-animal.'
'aceito, cabrón.'
'zé do boi, cabrón fica pros desconhecidos metidos a besta.'
'vamos lá, zé do boi...'
0 Comentários :
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial