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Eu sou um clichê; Pedinte, andarilho e cego. Vou cuspindo palavras sem nexo Até você entender... que eu não faço parte disso.
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domingo, 14 de fevereiro de 2010
GAEL PARADISE
postado por . @ 17:28 0 Comentários
I
eu pergunto sobre esse cheiro doce de amaciante, e ela me diz que sua vó lava muito bem as roupas.
(o assunto morre)
depois da terceira tentativa de me sociabilizar nesse lugar insípido, consigo um telefone; de um cara querendo vender sua guitarra gibson com tantos captadores, que foi de sei-lá-quem. não entendi nada, balançava a cabeça de modo com que ele continuasse, e não me deixasse só.
o som até que era bom, de smiths a metallica; a cerveja gelada, as garotas relativamente bonitas (as mais interessantes aparentemente acompanhadas. aliás, isso é de praxe.) lugar agradável; mas porra, cidade nova é sempre uma merda, pelo menos pra mim.
a questão é que, quando um cara da cidade grande chega numa cidade pequena ele é O CARA, e contrariando tudo, cá estou; apenas MAIS UM CARA, numa cidade quente pra caralho, contrariando todas as expectativas que eu tinha.
trocar um quarto, definitivamente decente, por um cubículo cinco-por-cinco exige um certo jogo de cintura.
a primeira coisa que fiz ao chegar de viajem foi batizar meu novo lar: Cry baby pra tocar e obrar sem interrupções em MEU banheiro.
cry baby ecoando pela 'casa' e eu evacuando meu primeiro drama.
sim, a buceta da desgarga não funcionava - e você deve ter noção do que é chegar numa cidade sem um puto sobrando no bolso, e ter de comer podrões o dia inteiro...
pois é, saí de casa com exatos R$200,00 - na mão mesmo, pra virar o mês, até achar algum bico, algum trabalho. e só.
R$2,50 do podrão em frente ao taxi - R$50,00 do taxi até o doce lar -
'entupido senhor, 55 conto; só por que é do senhor, eu sei que é estudante, nóis dá um desconto - sei que por morar aqui, a vida deve ser dura, né mesmo?'
ah porra do rótulo estudante de novo; caralho! me faltam pêlos na cara! 23 anos - formado em design - recém chutado pela amiga de infância - o pior esperma do pai - a despeza da mãe - a paixão platônica de jorge.
' o cara que mora na'quele apartamento da privada entupida' -
a menina disse olhando pra mãe; que sorriu amarelo pra mim;
que ri azincentado-prolixo pr'as duas.


II
eu realmente achei que aquele cheiro fosse passar, mas não passou.
ás três da manhã acendi um cigarro, já que não tinha incenso - unindo o últil ao agradavél.
frio, fazia um pouco de frio. e logo pude pegar o casco da mala; um de muitos que trouxe.
sabe quando bate um desepero momentâneo? uma solidão, um vazio? por um momento todo o otimismo que se fazia presente em pulmões e entranhas...se esvaiu naquela última tragada longa.
'relaxa, tudo vai dar certo no final - esse é o roteiro.'
e eu me repetia isso frenéticamente, quase o tempo todo - meu novo mantra.
sou medroso pra caralho, mas tô aqui. porra!
[...]que cheiro do caralho! nem posso reclamar...o cheiro vem do vaso, mas é meu.
durmi em cima das roupas.
minha mudança de fato, só chegava na madruga de segunda.
já era pra estar aqui, mas condomínios - mesmo que projetos de condomínios fodidos, como esse - tem suas regras, e fui barrado logo na primeira.
quebrado, totalmente quebrado, mas feliz. e cara, eu estava terrivelmente feliz, por niguém ali conhecer meu passado, por ter a esperança de novos contatos, por ter de sociabilizar com o não muito que aprendi na vida, mas com o malandragem herdei de papai.
porra; morar vinte-e-três anos na mesma casa, cidade; com mesmos amigos, lidando com as mesmas pessoas, dizendo oi ás senhoras, as velhas senhoras de sempre - que agora malham e te dão a maior 'liberdade' para tocar em seus seios siliconados, é tão insípido.
e por mais que tenha crescido, mudado de conceitos, amadurecido, eu sempre serei o filho da dona inês, o irmão mais novo da carina, o cara que levou bomba na sétima série, o imbecil apaixonado pela prima. o cara das espinhas...
ahh, estou louco para pôr em prática as mentiras mais sinceras sobre minha infância. o por quê dessas marcas nas costas. contar trágicas históricas sobre meu querido pai...dizer como despi a primeira mulher, o quanto li kerouac e quis sair por aí...o quanto hendrix mechia comigo...que o spot, o doce labrador, morreu violentamente atropelado por um caminhão pipa...
[...]
enfim, tudo áquilo de mais sincero que eu poderia ter pensado.

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