sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
LITTLE WING
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21:13
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hendrix, meu amigo peludo.
meu amigo-amante eventual peludo.
quatro patas torneadas, um pêlo macio e uns olhos amendoados.
acho que escreve pr'a alguma revista que-niguém-lê, uns artigos sobre metafísica e filosofia.
usa uns óculos de acrílico, aro grosso, preto. enormes.
tem três manchas rosadas do lado direito do peito, um chame delicado - pra quem vê.
e eu tão gosto do modo em que ele enche aquele pulmão.
seu cigarro é pornográfico.
fascinante o modo em que ele marca território: não marcando.
o encontrei no café do fritz, comendo maliciosamente uma torta de maçã; cujo os pedaços da fruta jogava de lado.
envolto daquele fumacê.
e então fomos apresentados:
- essa aqui é a janis, hendrix; aquela amiga que falei, que escreve artigos sobre...sobre o que mesmo você escreve, janis?
cocker vivia de esmolas. sempre chapado. achávamos, naquela época, que ele fazia um certo charme...se entorpecia de 'nada' - até que em 67 ele perdeu sua sétima vida. caiu de maduro, bateu com a cabeça no meio-fio, e sangrou até a morte. foi lastimável...cocker era um cara legal. definitivamente um cara legal.
- escrevo por escrever dude.
não me concentrava no platô. acabara de vir de um show. digo, de um trabalho. uma resenha.
vendo uns poemas criados. tenho até alguns publicados, mas nada que deva lhe satisfazer.
esqueci de salientar que cocker aumentava terrivelmente os dons que nunca tive.
- pois escreve! - disse hendrix, coçando sinuosamente a nuca com a pata direita traseira. era incrível o charme. pondo sua barriga á mostra...
- pois escrevo! - eu estava terrivelmente cansada aquele dia. tinha feito uma resenha do show das strughs, aquelas vacas me drogaram - o show é foi uma merda. mas acho digno que elas tenham coragem para tal. admiro os corajosos...admiro mesmo.
meus olhos estavam saltando para aquela torta de maçã.
- você quer? quer que te peça?
- não, essa não. não curto massa podre. posso comer suas maçãs?
- á vontade, baby.
cocker á essas horas cantava a garçonete; com aquele velho papo de empresário das bandas grandes...garimpava talentos, era poeta, falava francês (mesmo só sabendo falar três ou míseras poucas palavras).
- seus olhos são laranja?
- laranja? já me disseram que eram azuis baby. eles são amarelos...
- você...envolto nessas capsulas azuladas cor-de-pó me deixa terrivelmente feliz. dude, você me excita!
- e olha que nem li pra você, gata...nem destilei nosso amor.
disse rindo, e me olhando sarcasticamente.
- eu já te vi, por aí. passando com o carro...você mesmo, cara da maçã!
- qual foi o caralho que você tomou?
- foi o caralho!
- foi? de quem?
- o meu! e o delas!
- o seu? e o delas?
- pára de repetir o que eu digo.
- pára de repetir o que eu digo.
cocker, o que ela...
cocker?
nossa andarilho garanhão já partiu pro abate.
vou te levar pra casa, janis.
onde mora?
- porra! eu nã...
- na porra? me parece adequado...
- eu só não quero que você pense...
- eu nem penso, amor. eu nem penso.
me levou pr'a sua casa. e eu, cara, eu estava arrasada ao acordar no dia seguinte. com roupas limpas e cheirosas, com cabelo molhado, e sem saber onde estava. já acordou á noite sem saber quem és?
- heyyy! gritei umas dez vezes, sem piedade ás 4 da manhã. peguei uma faca no armário da cozinha, só pra ter certa segurança.
- mas o que é agora? será que você não sabe ficar queita?
- ah, o cara da maçã! cadê o cocker?
- cocker saiu com a fox lady. caramba, o que te deram?
- não sei, não sei. eu quero ir...
- pode ir.
- tá. tchau.
- volte sempre.
- não; obrigada.
- que pena; de nada.
- minha bolsa...está?
- no quarto onde estava...
- tá.
- tá.
- vem cá, você sempre repete assim?
- não, nem sempre.
- que se foda!
- que se foda!
- hey, e minhas roupas? cara, você me...tocou?
- hey, eu só te troquei. e você não tem nada que eu já não tenha visto melhores...
fitei-o com aquele olhar que só as gatas em sua última e precisosa vida podem dar.
- não me olha assim...
- 'não me olha assim'
- vai pegar sua bolsa, mulher!
não sei como, mas acordei em sua cama; ás dez da manhã. com camus do lado direito e kerouac do lado esquerdo. ah, sim...e ele por cima.
meu amigo-amante eventual peludo.
quatro patas torneadas, um pêlo macio e uns olhos amendoados.
acho que escreve pr'a alguma revista que-niguém-lê, uns artigos sobre metafísica e filosofia.
usa uns óculos de acrílico, aro grosso, preto. enormes.
tem três manchas rosadas do lado direito do peito, um chame delicado - pra quem vê.
e eu tão gosto do modo em que ele enche aquele pulmão.
seu cigarro é pornográfico.
fascinante o modo em que ele marca território: não marcando.
o encontrei no café do fritz, comendo maliciosamente uma torta de maçã; cujo os pedaços da fruta jogava de lado.
envolto daquele fumacê.
e então fomos apresentados:
- essa aqui é a janis, hendrix; aquela amiga que falei, que escreve artigos sobre...sobre o que mesmo você escreve, janis?
cocker vivia de esmolas. sempre chapado. achávamos, naquela época, que ele fazia um certo charme...se entorpecia de 'nada' - até que em 67 ele perdeu sua sétima vida. caiu de maduro, bateu com a cabeça no meio-fio, e sangrou até a morte. foi lastimável...cocker era um cara legal. definitivamente um cara legal.
- escrevo por escrever dude.
não me concentrava no platô. acabara de vir de um show. digo, de um trabalho. uma resenha.
vendo uns poemas criados. tenho até alguns publicados, mas nada que deva lhe satisfazer.
esqueci de salientar que cocker aumentava terrivelmente os dons que nunca tive.
- pois escreve! - disse hendrix, coçando sinuosamente a nuca com a pata direita traseira. era incrível o charme. pondo sua barriga á mostra...
- pois escrevo! - eu estava terrivelmente cansada aquele dia. tinha feito uma resenha do show das strughs, aquelas vacas me drogaram - o show é foi uma merda. mas acho digno que elas tenham coragem para tal. admiro os corajosos...admiro mesmo.
meus olhos estavam saltando para aquela torta de maçã.
- você quer? quer que te peça?
- não, essa não. não curto massa podre. posso comer suas maçãs?
- á vontade, baby.
cocker á essas horas cantava a garçonete; com aquele velho papo de empresário das bandas grandes...garimpava talentos, era poeta, falava francês (mesmo só sabendo falar três ou míseras poucas palavras).
- seus olhos são laranja?
- laranja? já me disseram que eram azuis baby. eles são amarelos...
- você...envolto nessas capsulas azuladas cor-de-pó me deixa terrivelmente feliz. dude, você me excita!
- e olha que nem li pra você, gata...nem destilei nosso amor.
disse rindo, e me olhando sarcasticamente.
- eu já te vi, por aí. passando com o carro...você mesmo, cara da maçã!
- qual foi o caralho que você tomou?
- foi o caralho!
- foi? de quem?
- o meu! e o delas!
- o seu? e o delas?
- pára de repetir o que eu digo.
- pára de repetir o que eu digo.
cocker, o que ela...
cocker?
nossa andarilho garanhão já partiu pro abate.
vou te levar pra casa, janis.
onde mora?
- porra! eu nã...
- na porra? me parece adequado...
- eu só não quero que você pense...
- eu nem penso, amor. eu nem penso.
me levou pr'a sua casa. e eu, cara, eu estava arrasada ao acordar no dia seguinte. com roupas limpas e cheirosas, com cabelo molhado, e sem saber onde estava. já acordou á noite sem saber quem és?
- heyyy! gritei umas dez vezes, sem piedade ás 4 da manhã. peguei uma faca no armário da cozinha, só pra ter certa segurança.
- mas o que é agora? será que você não sabe ficar queita?
- ah, o cara da maçã! cadê o cocker?
- cocker saiu com a fox lady. caramba, o que te deram?
- não sei, não sei. eu quero ir...
- pode ir.
- tá. tchau.
- volte sempre.
- não; obrigada.
- que pena; de nada.
- minha bolsa...está?
- no quarto onde estava...
- tá.
- tá.
- vem cá, você sempre repete assim?
- não, nem sempre.
- que se foda!
- que se foda!
- hey, e minhas roupas? cara, você me...tocou?
- hey, eu só te troquei. e você não tem nada que eu já não tenha visto melhores...
fitei-o com aquele olhar que só as gatas em sua última e precisosa vida podem dar.
- não me olha assim...
- 'não me olha assim'
- vai pegar sua bolsa, mulher!
não sei como, mas acordei em sua cama; ás dez da manhã. com camus do lado direito e kerouac do lado esquerdo. ah, sim...e ele por cima.
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