autora
Eu sou um clichê; Pedinte, andarilho e cego. Vou cuspindo palavras sem nexo Até você entender... que eu não faço parte disso.
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segunda-feira, 29 de março de 2010
O OBJETO
postado por . @ 19:46 0 Comentários
ela vai apagar de roupa, que é pra subverter e não se sentir tão 'em casa.'
aquela velha desculpa do controle, da tv ligada, do som. do celular aceso: 'vai que alguém liga'.
alô solidão.
'e eu não me aturo'.
cobrir com a toalha, e desmachar aos poucos a colcha - mas isso só durante a madrugada - quando o juízo for entregue ao sono dos justos e dos corajosos (é sonho, é tudo válido!).
acordar no dia seguinte e pensar: e não foi que eu durmi? mas eu sei, tinha outros planos...mas até que a cama é boa.
a rotina não muda: a tv tá ligada, o celular ela carrega. a cafeteira ainda suja, desde o tempo em que ela durmia - e faz tempo - que a cafeteira tá suja.
ela se obriga a ir á padaria. desdenha dos pães de ontem. tem um novo desejo: pão doce.
a teia dos vícios. e quando não se tem nada, se cria laços com: comidas, objetos, astros, universo, internet, línguas, lençois de terceiros...
lá vai, ao sol - borrada de lápis preto -, com sua calça curta e sua blusa branca-amarelada - curtida pelo sol, sal, alvejante e a porra - e faz tempo que tá suja.
sente uma leve tontura ao sair, de peito aberto, ás 8:30 da manhã - 'e nem sabia que existia mais 8:30'.
ri dos pássaros - 'que são os mesmos que cantavam antes? ou todos cantam a mesma melodia? e nem lembrava que a manhã existia - e é como vir de tarde, só que mais fresco, rola esse vento matreiro...'
o pão na mão, e o caminho de volta - o mesmo.
e pensa na mocinha do caixa: cabelos lisos, franja caída no olho, esses rasgados e mel, peito bojo - sem necessidade - mãos bem feitas, um sorriso largo e um anel no anelar.
'e ainda hoje há isso? a necessidade de se prender um dedo pelo outro, um dedo...um dedo de amor. isso não é amor, isso é um tumor!'
abre o portão - ignora totalmente o mato grande que cresce deliberadamente no jardim, que não é mais jardim...
'porra, esqueci do chá!'
vícios - rotina - chá - vícios mil - rotina - chá.
respira fundo: leite.
põe bossa nova prá tocar - arrisca uns passos solitários e desajustados de dança com a vassoura arriada, ora ela conduz, ora é conduzida.
começa a imaginar um vestido tubinho preto, nada muito indecente - mas que suas ancas ficassem proeminentes, que sua saboneteira convidasse a conhecer seus seios - 'bojo sim, bojo não?'
telefone toca - 9:03 - 'não vou atender.'
telefone toca - 9:15 - 'não vou atender'
telefone toca - 9:27 - 'desliga o telefone'
'a água do chá' - não há chá.
leite - resto.
pão - 'sem mais vontade'.
tv ligada, e passa um filme de ação - ela se sente só - precisa de realidade programada, calor, calor - arder.
muda de canal: fofocas parece encher seus ouvidos, que mal decodificam o que é falado - calor, calor.
e quanto tempo é passado ali, sentada e só?
'entre as coxas duma puta há mais de sete gozos'
observa seus dedos, suas unhas - rachadas - sua pele em tom esverdeado; seus pêlos que crescem 'a vida se manisfesta em mim...'
'o filho é dele sim, é só fazer o dna! nós fomos passar o carnaval em búzios, e aí nós transamos em...' - e a apresentadora faz caras e bocas e se controla para não chamar á atenção da 'modelo', dizendo um: vocês fizeram amor, é isso? e ela completa com: 'sim, nós trepamos.'
ela acende um cigarro velho do cinzeiro e relembra de seus homens - por empréstimos - segundos, minutos, horas - não mais.
gozos e dores de cabeça. cólicas e dores de cabeça. remédios e dores de...
'onde é que eu estava com a cabeça quando me meti com zé? aquele fela da puta desgraçado'
e a sinestesia toma conta da sala: cheiro da madeira do quarto de seu primo: zé. o mesmo de sua mãe, sua casa. cheiro da inocência corrompida. 'tanto faz, é passado.'
'e quando éramos pequenos, batíamos o record do louvre em plena copacabana. bons tempos, em que os homens não eram homens e a eu era feiche de luz'
repusa a mão sobre o ventre comtemplando sua filha: samambaia ressequida.
#30
postado por . @ 13:26 0 Comentários
essa vontade vem sendo constante; ela bate...e quando não há resposta alguma ela entra, e fica sentada á porta, me olhando de rabo de olho, como se soubesse que, em qualquer outro momento do dia eu vou resgatá-la daquele madito canto; vou dar-lhe água e oferecer minha cama...afinal, no canto há uma cadeira sem encosto. e eu me pego pensando: por que subvertê-la? por que negaciá-la? e minha cama nem é tão grande, eu que sou pequena, então sempre cabe mais um - digo hipotéticamente, claro. devia dar conforto, e oferecer abrigo. ás terças posso deixá-la mais á vontade, deixar que deslize suas vontades por entre minhas costas, coxas e nuca; destilar uns brados cálidos, oferecer mais um contorno de uma terça pintando os seis dias restantes.
a fragilidade que é comer sushi, com hashi - no meu colchão d'água; e o sol que bate na janela do quarto esquentando seu canto - suponho - preferido; e se sentir calor, meu amor, eu faço o vento, eu trago o vento - se você quiser.
e se você quiser...
e se você quiser...
caio caio caio
postado por . @ 09:54 0 Comentários
Acontece que descargas, não quero parecer alarmista, às vezes entopem. E devolvem justamente aquilo que deveriam levar embora.
Cher Antoine,
postado por . @ 09:37 0 Comentários
'enquanto era gelo minha parede lateral...
tudo estava nos conformes.'


/poucaspalavrassãocores.
domingo, 28 de março de 2010
#25
postado por . @ 20:25 0 Comentários
é criado o complô do bom-senso da madrugada.
ferem-me,
e ditando as regras da alta capacidade psiquica, comunicam-me:
'problemas devem ser exauridos, meu pequeno bode expiatório.'
CABRÓN
postado por . @ 06:03 0 Comentários
e por que chovia aquela hora?
'eu acho que tenho alergia áquele molho agridoce maldito'
e por que ela cantava?
'vamos comemorar a vida de quem já morreu'
iamos andando por entre mendigos e ciganas pegajosas, entre a rua e o meio fio.
e ela sempre se equilibrando em 'são paulo', não deixando nem a ponta dos pés enconstarem em 'outros estados'; e eu ria, eu ria daquilo tudo, e da forma como ela soltava sua fumaça, pra cima; pra ela.
'ela quer se comer' - pensava eu, em torno a pensamentos cílicos, e totalmente mau organizados - 'ela vai se fuder, ela liga o foda-se, ela vai se fuder.'
tudo girava, e nós ali - babando o ovo da fragilidade casual, eventual - e do tempo que ia pasando, e do tempo que ia comendo, rasgando...
'tenho fios brancos, de preocupação organizada. e se eu continuar assim logo chegarei a ser minha avó. terei de me mimar, terei de quebrar minhas regras...você entende? você entende o que eu digo?'
'não. eu entendo que não quero ter cabelos brancos; por que vão me perguntar: o que te valeu? e eu não terei resposta. entende? você entende o que eu digo?'
'mas eu não terei, suponho.'
'não te incomoda?'
'não sei. não sei o que valeu, não quero pesar. e além do mais, o que te sobra além das coisas casuais?'
'achando que sofrer é 'viver' demais'
'você é uma puta! a música não é assim...'
'sou uma puta envergonhada, isso sim'
um mendigo caído no chão da esquina, soltando brados eloquentes - algumas palavras sem sentido, nexo -
'é um absurdo, eles querem o pó da virgindade polida, na rádio que transcende do ratátán, e depois querem que eu seja vidente deles.
eles são uns ratos roídos. a fome, eles comem e deixam-na entrar, como se fosse um castor. e ela entra, por que fica fascinada com a política estrutural dos dentes mal-acabados...'
'e qual era a possibilidade de encontrarmos um mendigo poético?'
rimos da insensatez...
o tal nos olha, fixando o olhar em qualquer outro ponto comum, que não seja nós.
'beuzebú. a pequena e a gigante. duas crianças na noite se fodendo feito gente grande!' - disse o mendigo poético da noite tépida, fazendo o sinal da cruz e cuspindo uma baba viscoça, que por pouco, não caem entre meus dedos.
'e por que o senhor, do alto da sua razão diz isso? foder de gozar ao final? eu quero foder, você quer não?
'vá de ré, satanás! me deixe queito aqui, sai daqui o cês duas são um monte de mierda!'
'somos, mas não fedemos. pois então, trago uma proposta...faça um poema pra nós, que te compro uma dose de branquinha; só por que estamos feliz hoje. aceitas?'
'não sou bobo,' ele' mandou o cês aqui.'
'e disse que era bom o senhor ajudar...que vai te encontrar ao final de três doses de jureminha. vamos nessa, eu sei que quer.' - pensei: ela jogou baixo.
ele dava uns trancos com a cabeça; ora lado esquerdo, ora direito. era a personificação da malandragem que pirou.
'e então? três juremas?'
'pero que si pero que no'
'pero que si pro que no? e isso vem de onde? hablas español? cabrón!'
'eu tô com fome, quero quatro ovos cozidos e quatro dosesinhas'
'três'
'quatro'
'pô malandragê, quatro quebra a gente'
'duas é muito pouco, e três...é número ímpar. e não vou muito com a cara dos números 'ímpar', sabe?'
'que seja.'
'feito'
'pois tá.'
por alguns segundos todos nós nos olhamos.
'e então?'
'e aí tio, vai declamar?'
'o que?'
'porra, o poema.'
'a sim...vocês me dão um tempinho? preciso me concentrar. tenho de dizer ao cosmos que duas meninas querem o que querem.'
'pois não demore, você sabe que mais tarde os leões tomam conta daqui, e somos frágeis.'
'os leões não existem, pequena.' - disse o mendigo, fitando-me um olhar de compaixão, quase paterno e fraternal.
'os leões não existem...'
exatos sete minutos depois, el cabrón volta, com um sorriso no rosto, e um ar de poeta total (e com razão) decadente.
'não consegui pensar em nada, acho que 'ele' não quer que faça.'
''ele' quer sim.'
'ficaria feliz com uma dose antecipada de branquinha'
'tira da bolsa e dá pra esse pedinte incontrolável uma dose, mas só uma hein.'
'estou feliz señoras'
'ele já está me cansando, vamos embora?'
'claro que não, quero ver o quão vendido ele é. e então, cabrón, vamos lá?'
'señoras, el poema:
duas cadelas passeando pela rua. uma ri e a outra vê, aquilo que possivelmente você veria com displicência. uma gosta e a outra tem, aquilo que você descarta feito um papel de mercado, que não serve aparentemente pra nada. e quando se escuta o som, aquele som de seus sapatos apertados, e os gemidos altos daquela cama frouxa se sabe que elas não mais voltarão. por que elas não dormem e elas sentem o calor que vem do chão. e por que não? e por que não acompanhá-las? e por que não juntar os trapos com trapos mais dissumulados, feito os delas? por que elas não têm a coragem que eu tenho. por que elas só sentem e só. e sentir não é viver. repartir é contribuir, e ver, e sentir e gozar daquilo que ela vê, e rir daquilo que ela ouve...
e vocês criarão raízes, e sentirão falta do que não se deram a liberdade.
e não é condição de um mendigo cabrón, desesperado por uma pinga vagabunda, e por 4 ovos durmidos de um bar tétrico - meu bolso está cheio - é o reflexo de vocês, refletido em ondas sonoras...
vocês são uma mierda! eu sinto o cheiro de vocês, mistificado entre angel e 212.
COVARDES!
nos olhamos, numa viagem:
chão-eu-ela-chão-céu-eu-ela-nós.
'é, você tem um bom olfato. é 212 e angel'
'pois é, bom olfato mesmo, cabrón'
duas sem-graça tentando subverter a apunhalada de um mendigo cabrón.
'alguém quer um ovo podre do bar da esquina? acho que esse clima está meio pesado...gostaria de me redimir da verdade sem-vazelina que introduzi em vocês; sexo-animal.'
'aceito, cabrón.'
'zé do boi, cabrón fica pros desconhecidos metidos a besta.'
'vamos lá, zé do boi...'
quarta-feira, 24 de março de 2010
#bosta
postado por . @ 21:01 0 Comentários
injusto. incerto. parafuso. confuso. roda e roda e...gira em mim. em torno. me torno...entorno tão...eu.
segunda-feira, 22 de março de 2010
#55
postado por . @ 09:02 0 Comentários
[...]
o cheiro do pão, o cheiro do perfume dela enebriando a casa inteira - memória involuntária.
olho meus pés, ressecados; 'é o outono' - e mais uns dois cortes no tornozelo; 'odeio me depilar!'.
minhas coxas amareladas, e aquelas veias verdes fazendo o trabalho delas, que é sei lá fazer o que.
pouso a mão no ventre - quente, pulsante; dolorido.
'não há terror maior do que a verdade não dita'
sábado, 20 de março de 2010
paulo paulo paulo
postado por . @ 07:46 0 Comentários
"Ameixas: ame-as, ou deixe-as!"
sexta-feira, 19 de março de 2010
MOTE
postado por . @ 11:29 0 Comentários
contra-regra
e ainda procuro.
o maior medo de ser
respirar
por que há brisa.
e ela me pergunta:
'sexta á noite?'

o monte dela
o monte meu
as unhas descascadas, feito uma puta desleixada.
'essa feminilidade falácia que ela têm'
dança, e dança - e parece me chamar pra acasalar:
então eu vou.
O MACHO CHAMA SEU MACHO
então recuo.
recuso.
quinta-feira, 18 de março de 2010
HOMEM BOM É HOMEM MORTO?
postado por . @ 13:12 0 Comentários
na fila do supermercado, com lata de leite ninho na mão, e uma mussarela barata.
bem na fila dos volumes rápidos, doce ilusão de rapidez...
'o preço que marca lá não é esse, e a lei do menor preço, chama a gerente!'
e eu estava com uma dor de cabeça tétrica, dessas que nascem de não sei onde, e que demoram não sei que dias pra passar.
eu confesso, a paciência é uma virtude que não tenho; e que nem sei se a sabedoria (se é que isso existe) dos véios, me trará essa tal de 'virtude'.
balançava os pés, mordia os lábios, olhava pra tudo que é canto. e nada da gerente, e nada da fila andar.
então numa dessa olhadelas rápidas e totalmente insignificantes pelo micro-mercado, me deparo com um livro (naquelas gôndolas onde ficam as revistas de fofocas e as playboys mais comportadas): 'homem bom é homem morto', sorri; a fila andou.
'nota fiscal paulista?'
'não'
'quer doar metade do seu...'
'não'
'sete e oitenta e nove'
'oito reais, fica com o troco'
saí de lá com a porra do nome na cabeça: homem bom é homem morto.
'homem bom é homem morto?'
'quais homens eu mataria?'
não foi preciso pensar muito...um nome me gritava:
PAPAI PAPAI PAPAI.
e como mataria o papai?
quarta-feira, 17 de março de 2010
A CABEÇA CHEIA DE PROBLEMAS
postado por . @ 06:39 2 Comentários
'e eu vou lá, barganhar 'a idade da razão', tomar meu café na padaria, finjir que sei andar com o peito estufado...(/drama)'
eu consigo me ver, de fora - como se fosse outro.
eu sento, e tropeço no pé da cadeira. tento me ajustar, durante alguns segundos - desisto, nenhuma posição me agrada.
abro o livro, que sei, será difícil ler; então crio um quadro.
coloco três colheres de açucar (como eu odeio escrever açucar) nos dois dedos de café, e eu sou muito compenetrada, medindo exatamente as três colheres.
a última se dispersa, antes de chegar ao destino final - e é claro, eu mordo os lábios e respiro fundo, mentalizo um puta que pariu, que não ouso dizer, afinal prometi a mim mesma que depois de toda a buçanha do mal-entendido, iria me encontrar - e estranhamente tive de abrir mão de alguma coisa, por que é sempre assim...e abri mão dos palavrões escabranhosos (as energias negativas que as palavras têm) - e era difícil.
respiro fundo e penso: que meus chackras estejam em equilíbrio eterno.
nem eu acredito em mim.
meia colher de café, só por que a metade da outra se esparramou em cima da mesa melada.
e eu mecho pensando na porra (droga, que insípido) - da morte do zebú, por que niguém foi colher o pobre coitado...
se eu estivesse sentada á minha frente me olharia com compaixão.
ao lado me surpreenderia com o tamanho do nariz, quase adunco, quase porco, quase alguma coisa.
de trás; ficaria com vontade de me conhecer...
[...]
essa lei me agrada, não sinto o cheiro do fumacê alheio, o nariz não coça, os olhos não ardem
mas tô com uma vontade estúpida de tragar...
e vontades por vontades não satisfeitas se refletem no pé balançando, sacudindo um pouco a mesa.
'isso não vai parar'.
[o silêncio foi quebrado]
eu, e o café melado, e a criança chorando pelo danoninho que a mãe não quis dar.
- não vou te dar, você ainda não almoçou, depois do almoço mamãe compra, pra você.
- eu querooooooooooooooooooooo!
- ele ainda não almoçou - diz a mãe olhando pra mim, envergonhada pelo escândalo do filho.
nunca me impostaram regras; nunca comi na mesa, não tomava banho antes de ir a escola, não escovava os dentes de manhã, e não fazia lição de casa.
cá estou, cheia de dogmas - sem nenhum fundamento.
crianças regradas são adultos concisos.
eu venho do caos, e tento me organizar...
se bem que, eu era louca por danoninho - até passar a perceber que iogurtes e afins são nojentos, criam mucosas e aguçam a imaginação para um 'corpo estranho' descendo até o estômago - ele vai encher o saco na pobre coitada da mãe por algum tempo, é DANONINHO.
o café tá no ponto, nem muito quente nem frio - tépido.
'quero ter um filho barão' - meninas dão trabalho, e são tão inhas inhas inhas, feito eu. não aguento mais uma de mim.
[...]
tenho de ligar prá marcia, e pedir desculpas por não tê-la consolado ontem, como deveria.
mas é que eu não senti vontade.
queria ver suas lágrimas rolando, ali, no meio do furacão - coisa que eu não ousaria, não me daria liberdade.
eram minhas aquelas lágrimas, e eu deixei rolar...
mas ela não vai entender, me taxará como frívola e insípida.
e até já tenho um argumento:
'não te consolei, por que queria que você esvaziasse, que você achasse seu próprio argumento prá parar.
e não demorou muito você parou, e sorriu, por que eu ria da sua cara vermelha e inchada.
enquanto eu existir em você, cada choro terá um riso de criança, ao final.
por que eu terei de comentar o quanto o seu nariz fica enorme!'
e então a bruma em que eu estava envolta ontem, se dissipará...
'ela me dá trabalho' - começo a rir, sem abrir os lábios e lembro das tardes úmidas na casa do vô;
'a cabeça cheia de problemas, olha mas eu gosto mesmo assim'
[...]
não prestei atenção em uma única frase do livro, prá não dizer uma saltou a meus olhos: VELHO.
'...o tempo tem me comido'
e não gozo ao final...
cravo a unha na palma da mão, e me boicoto a pensar: 'FODA-SE ELE'.
transtorno obessivo compulsivo, eu preciso dizer:
'FODA-SE ELE''FODA-SE ELE''FODA-SE ELE''FODA-SE ELE''FODA-SE ELE''FODA-SE ELE''FODA-SE ELE''FODA-SE ELE''FODA-SE ELE''FODA-SE ELE''FODA-SE ELE''FODA-SE ELE''FODA-SE ELE''FODA-SE ELE''FODA-SE ELE''FODA-SE ELE''FODA-SE ELE''FODA-SE ELE''FODA-SE ELE''FODA-SE ELE''FODA-SE ELE''FODA-SE ELE''FODA-SE ELE''FODA-SE ELE''FODA-SE ELE''FODA-SE ELE''FODA-SE ELE''FODA-SE ELE''FODA-SE ELE''FODA-SE ELE''FODA-SE ELE''FODA-SE ELE''FODA-SE ELE''FODA-SE ELE''FODA-SE ELE''FODA-SE ELE'
começo a suar, quero me vencer...
subverto, só prá não cair nas garras 'de quem bate'
lamento, repito baixinho pra mim:
'EU ME FODI'
domingo, 14 de março de 2010
GURIA
postado por . @ 21:49 0 Comentários
'hoje eu vou tragar aquelas soltas'
e uma outra, lá atrás gritava: 'notas'
e eu olhava a trepidação que a garota-quieta fazia, ao se locomover; e eu achei aquilo lindo.
por que ela ia-e-vinha como quem não sai do lugar. ela pendia pros lados, e só seguia em frente.
e de repente ela olha pra mim, e diz: 'me dê a mão' e eu dei, e eu seguia seus pés, e a fome por cair era tão grande; ela corria, ela corria.
apertava minha mão e apertava, me segurou - quando tropecei no meio fio quebrado de uma calçada qualquer - ,e ainda me perguntou: 'você está bem' - eu disse que sim, por que seus lábios reluziam, e eu não disse a verdade; eu queria parar, meu estômago não aguentava mais, eu sentia o gosto do frango xadrez, insípido, de ontem.
e ela insistiu na pergunta: 'você está bem'; eu, como sempre, só via seus lábios brilharem, e por milésimos de segundos, aquilo me acalmava, e me induzia a dizer: 'sim'.
seguimos por alguns minutos, até eu cair, com a cara enfiada em alguma poça d'agua. pensei na hora: 'as meninas pararam de falar'; procurei a mão da guria e não achava, e procurava, e procurava...
silêncio, eu estava trêmulo; insistia em levantar, até que levantei.
a guria procurava se escorar na parede, mas seus pés balançavam, e seus olhos procuravam outro.
e eu ouvia as outras meninas gritando: 'venha conosco, vamos tragar as notas soltas'
e a guria já se escorava em outros caras, e eu precisava ir; e eu precisava me escorar...
as meninas se calaram, quando eu pedi silêncio, e me carregaram quando eu estava com dor, eu achei conveniênte, e entendi a impaciência da guria.
ela foi, e eu fiquei.
DO LADO DE LÁ
postado por . @ 21:11 0 Comentários
já sinto como se não quisesse, e por que? e pra quê?
nunca fui muito concisa mesmo, nunca fui de cumprir com minhas obrigações - por que honrar agora?
por que sim - minha consciência fala.
por que você precisa servir prá algo - eu respondo séria, olhando meu reflexo na tv desligada.
'preciso morar em mim, mesmo que prá isso eu tenha de morar lá'
cálice - preciso de um cálice.
'eu tinha um amor, eu era bem melhor'
que porra!
malditas decisões, eu digo isso com razão.
nunca as levei a sério, nunca quis, nunca me pediram - agora há de se fazer valer meu livre arbítrio, vou me tornar alguém que escolhe.
'escolhe errado, escolhe certo, encolhe e encolhe e...'
estou a fazer drama.
estou sendo mamãe.
pragmatismo, minha jovem, pragmatismo.
meu sofá é tão macio, e as teias de aranha do teto que eu nunca vi, e esse lodo da parede lá de fora...
mas eu preciso ir, eu preciso.
sexta-feira, 12 de março de 2010
OLÁ QUINTA-FEIRA
postado por . @ 13:41 2 Comentários
ele vem trajando branco - e como fica bem, deus!
e as mãos dele são enormes, e então minha cintura é como de uma mulherzinha
pequena e delicada
mostro meus dotes, talhados ao nada; até cozinho, e até finjo que sei sentar de saia...
ASSIM COMO TODOS
postado por . @ 12:42 0 Comentários
chego a conclusão de que todo mundo é igual.
algumas firulas a mais, alguns pensamentos mais centrados, umas idéias mais concisas
mas ao final, todos são iguais.
todos se mechem demais, todos cruzam as pernas do mesmo lado que eu, todos soltam brados atordoados
e flamejantes e todos comem fazendo 'barulhinho'.
e então, as roupas são um tanto quanto diferentes, o tamanho das mãos e o peso do corpo;
mas ao final são todos iguas, todos iguais.
assim como eles, e assim como elas.
e eu?
e eu?
LIBERTÉ
postado por . @ 12:40 0 Comentários
ela sorriu e então disse - em tom sóbrio:
- sinto uma inveja de você, ana maria, mas veja bem, é daquelas invejas boas,
de quem só quer o bem, você me entende?
- não, inveja boa? não entendo. inveja é inveja oras!
- eu sabia que você não entenderia, eu penso que inveja boa, é quando não se quer o mal.
eu a interrompi bruscamente
- mas queria estar no platô de quem se inveja.
- não é bem assim...
- inveja é inveja e ponto. mas na sua balança, a admiração e seu amor por mim falam mais alto, é só isso. e então a
inveja fica em segundo plano.
- eu não vejo por esse lado, você é sempre tão bruta em suas colocações. minha inveja se divide em duas: a boa e a ruim.
ela me irrita quando tenta se colocar num patamar de elevação espiritual, como se não sentisse o 'puro' ciúme, como se
não desejasse a morte de terceiros, mesmo que por alguns minutos, ou como tenta descrever a inveja num utopismo
decadente.
- marina, você sente ciúmes de mim?
- não, acho que não.
- eu sinto ciúmes, principalmente quando seus amigos jornalistas, começam a dialogar inconclusivamente
por horas, e vocês tem tantos assuntos...
marina abre um sorriso de menina, e parece sentir-se satisfeita com meu comentário.
- ana, não diga isso. não é preciso ter, você sabe.
- eu sei, mas sinto. e estou no meu direito.
- acho que me sinto também deslocada, quando você está com ele.
- com quem, com jorge?
- sim - abaixa a cabeça e começa a olhar suas mãos - principalemente quando sinto que ele não me quer aqui,
e você sabe que ele não faz questão de esconder isso. fico imaginando o que vocês fazem quando eu saio, ou quando vocês
se encontram por acaso, se é que o acaso existe.
me senti confortável com a insegurança de marina, era como se ela estivesse, agora, em meu patamar. ela bebia a
água que eu bebia, e desfrutava de pensamentos miúdos, e do velho ciúmes dos mortais.
- querida, você bem sabe que somos velhos amigos; entendo esse ciúme talhado.
- não é ciúmes, eu só penso. eu só me sinto um pouco de lado; assim como você deve sentir com meus amigos.
- pois bem, não me sinto 'de lado'. eu sinto é ciúmes.
- eu te acho tão engraçada.
- eu? engraçada? mas, oras...
- você quer me persuadir, e tenta me seduzir com suas idéias.
se ela entendesse que eu só quero que ela saia do útero da mãe.
- marina - disse eu - desculpe-me, não quero te persuadir, longe de mim, quero que pense por você. não quero
influenciar-te.
- não, ana, não é isso. eu gosto de ouvir seus pontos de vista, mas ás vezes parece que você é categórica, taxativa
de mais; como se o mundo todo sentisse o que você sente, da forma como você sente.
não sinto raiva de marina ter pensamentos comprimidos, oprimidos, comprensados; 'ela é uma menina, ela ainda é uma
menina'
- desculpa se te chateio, não faço por mal.
marina pisca o olho esquerdo, como faz sempre quando está resignada.
- que horas são?
- não sei, vou olhar. tem pressa?
- tenho, vou sair com maurício; ele quer me mostrar um quadro da exposição de delacroix, que ele adora; sabe bem como
é maurício, obesessivo com seus vícios, se tratando de delacroix então...
- são 14:25; já vai?
- sim. combinei com ele ás 15:00 em frente ao café minuano, vou passar em casa primeiro, preciso pegar um agasalho.
- não precisa arrumar a cama. vá, antes que se atrase. se tivesse um casaco que lhe caísse bem...
- pois então eu vou. seus casacos são muito extravagantes, só quem pode usá-los é você, ana. posso voltar? eu posso
durmir aqui, hoje?
- não, jorge e eu temos de revisar um roteiro; será maçante pra você ficar. por que não sai com hilda?
- talvez. tenho que ir, depois nos falamos então.
beijo seco, típicamente enciumado. braços pendentes, de quem possui raiva velada.
- se cuida, marina.
- bom trabalho, ana.
'menina, ela ainda é uma menina - ainda está incubada no útero'
quinta-feira, 4 de março de 2010
CAROLINA
postado por . @ 12:20 0 Comentários
Carolina, nos seus olhos fundos guarda tanta dor, a dor de todo esse mundo
Eu já lhe expliquei, que não vai dar, seu pranto não vai nada ajudar
Eu já convidei para dançar, é hora, já sei, de aproveitar

Lá fora, amor, uma rosa nasceu, todo mundo sambou, uma estrela caiu
Eu bem que mostrei sorrindo, pela janela, ah que lindo
Mas Carolina não viu...
Carolina, nos seus olhos tristes, guarda tanto amor, o amor que já não existe,
Eu bem que avisei, vai acabar, de tudo lhe dei para aceitar
Mil versos cantei pra lhe agradar, agora não sei como explicar

Lá fora, amor, uma rosa morreu, uma festa acabou, nosso barco partiu
Eu bem que mostrei a ela, o tempo passou na janela e só Carolina não viu.


(Chico Buarque de Holanda)
SYLVIA
postado por . @ 11:57 0 Comentários
entrei no chuveiro, fria - a água era completamente fria.
'droga, não acredito que não tem água quente'
fui dimunindo a intensidade da água, até chegarem a meros dois fios: quente!
me contentei, feliz, com os boçais pingos d'agua que caiam pelo meu corpo.
'eu estou verde! preciso tomar um sol' - pensei, enquanto ensaboava minhas ancas e minha pélvis.
eu estava decidida a mudar de vida, aliás a retomar a minha vida.
estava de fato, decidida a não mais me escorar pelo caminho - ou pelo menos até aquela tarde...
'QUERIDO COBRADOR'
postado por . @ 07:46 2 Comentários
ODEIO A 'NÃO-CORDIALIDADE' NOS ÔNIBUS. OS MOTORISTAS MAL-HUMORADOS, OS COBRADORES CARAS-DE-CÚ...
ONTEM VOLTAVA PRA CASA, NO AUGE DE UMA PRESSÃO BAIXA.
FUI A ÚLTIMA A ENTRAR, A URA PELO ASSENTO DESCONHECE O RESPEITO.
SENTEI DO LADO DE UM CARA QUE CHEIRAVA CHULÉ - AGRADECI PELO MEU OLFATO NÃO SER TÃO BOM - QUE AINDA ESCUTAVA REGGAE, ALTO, NO CELULAR.
NÃO HAVIA MAIS LUGAR, ERA ALI OU NÃO ERA.
ESTAVA ENJOADA, AQUELA CADÊNCIA, AQUELE CHEIRO DE CABEÇA MAL-LAVADA; AS CONVERSAS QUE SE TORNAM DEPRIMENTES (CONVERSA DE MULHER EM ÔNIBUS É SOBRE TRAIÇÃO!); O CARA BALANÇAVA AS MÃOS, E AQUILO ME IRRITAVA TOTALMENTE.
CHEIRO DE ÔNIBUS É UMA COISA INSUPORTÁVEL, É UM CHEIRO PESADO, MAÇANTE - ISSO QUANDO ELES NÃO COLOCAM UM 'CHEIRINHO' DE SEI-LÁ-QUAL-PORRA QUE É INTRAGÁVEL.(LEMBRO QUE MEU PAI TINHA ISSO DENTRO DO FUSQUINHA BRANCO DELE, É UM TÍPICO AROMA DE ÔNIBUS)
ISSO TUDO SÓ AUMENTAVA MEU ENJÔO, E EU SOU MASOQUISTA: SEMPRE LEMBRO DE 'COISAS NOJENTAS' QUANDO FICO ENJOADA.
'O MUCO QUE O IOGURTE DÁ NA GARGANTA'/ 'O SEBO DA LINGUIÇA'/ 'O PUS DO MACHUCADO'/ 'O CHEIRO DA MORTADELA'.
CADA PENSAMENTO FAZIA COM QUE EU RESPIRASSE MAIS FUNDO, E MAIS FUNDO - QUE CHEGAVA A FAZER BARULHO.
O COBRADOR ME OLHOU COM DESDÉM - DO ALTO DE SUA CADEIRA MAJESTOSA, OLHAVA PARA SEU SÚDITO, E ESBOÇAVA UM OLHAR DE 'NÃO VOMITE AQUI'.
O ÔNIBUS ESTAGNOU EM ALGUMA PARADA, AINDA MUITO LONGE DO MEU DESTINO, E UM CHEIRO DE CIGARRO SUBIU ATÉ MEU NARIZ.
NÃO ME IMPORTO MUITO COM CHEIRO DE CIGARRO, ACHO QUE ATÉ ME TRÁZ LEMBRANÇAS GOSTOSAS, UM SAUDOSISMO GOSTOSO, UMA VONTADE; MAS NÃO DAVA, QUALQUER CHEIRO NOVO ERA MOTIVO DE UMA RESPIRAÇÃO MAIS FUNDA E DE UM DESESPERO MAIOR.
EU ABAIXEI A CABEÇA, DE MODO COM QUE EU ME CONCENTRASSE EM MEUS PÉS, E SUBVERTESSE QUALQUER PENSAMENTO QUE FIZESSE MENSÃO AO ENJÔO, OU EM O COMO EU ESTIVESSE ME SETINDO.
BESTEIRAS, NÃO SE DEVE ABAIXAR A CABEÇA, QUANDO EXISTE ALGO QUE NÃO QUER SER MAIS PERTENCENTE Á VOCÊ: VOMITEI ALI MESMO.
ENTRE A CATRACA E O CARA CHULEZENTO.
NO ASSENTO, NA ROUPA, EM MIM - E O CHÃO FICOU MARCADO.
EU DEFINITIVAMENTE ODEIO VOMITAR, A GARGANTA FICA TÃO ÁCIDA, E DEMORA UM POUCO PRA VOLTAR Á REALIDADE.
NINGUÉM ME ACUDIU, O CARA DO MEU LADO LOGO SAIU - NÃO SEI COMO, NÃO VI; DEVE TER PULADO MEU ASSENTO.
EU ESCUTAVA UM: 'A MENINA VOMITOU' OU 'PUTZ, QUE NOJO'
O COBRADOR ME DISSE: 'VAI DEMORAR A DESCER?'
EU DISSE QUE NÃO, E ELE EDUCADAMENTE ME DISSE: 'MENOS MAL; ESSE ÔNIBUS TAVA LIMPO, PORRA! VOU TER DE LIMPAR ESSA MERDA AÍ, QUE TU FEZ.'
EU RI, EU RI, POR QUE EU AINDA NÃO ESTAVA EM TOTAL JUÍZO PRA CONTRA-ARGUMENTAR; MAS EU REALMENTE ACHEI GRAÇA: 'ELE TERÁ DE DESCER E LIMPAR MEU VÔMITO'.
'O PRÓXIMO PONTO É MEU' - O ÔNIBUS AINDA LOTADO, MAS É CLARO QUE DOARAM ESPAÇO FÍSICO PRA EU PASSAR...
FUI A PRIMEIR A DESCER, DE UMA LEVA DE VINTE QUE DESCERAM ALI; VOMITADA E FELIZ.
ALÍVIO IMEDIADO: 'ELE TERÁ DE LIMPAR MEU VÔMITO!'
POIS É
postado por . @ 07:17 0 Comentários
e é desse meu modo.
e não se acanhe
por que não há ego o suficiente
que aguente os escritos.
olha,
não se aposse
daquilo que é meu - por direito
talhado
por mim.
por que não há cego o suficiente
que aguente a sinestesia (dos escritos)
olha,
não se aposse
daquilo que é meu - por direito
talhado
por mim.
terça-feira, 2 de março de 2010
CASA NOVA!
postado por . @ 21:07 1 Comentários
pois bem, resolvi mudar.
lay novo - graças ao ócio programado de @SERRABARBOZA - e ficou tão sóbrio, não?
ainda tenho de reorganizar o tamanho das fontes nos arquivos, prá ficar tudo organizado (e vamos ver quanto tempo eu sigo esse roteiro, rs).
TÔ NA MERDA
postado por . @ 20:41 1 Comentários
tô vagando mesmo.
tô cagando.
o que eu quero agora não tem mais valia daqui á 5 minutos.
tô andando.
mesmo, tô observando.
e por aí ninguém presta, suponho eu.
empirismo, meu caro.
vou vagando,
tô guardando alguns bilhetes na bagajem
e uns trocados amassados.
mais um pôr-do-sol e um café, embrulhando o estômago.
eu gosto disso, eu gosto desse vento - do cheiro do perfume dos desconhecidos.
me disseram que por aí te comem com olhar.
te despem por menos de um beijo,
e
te fazem querer um filho.
'eu comentei com você sobre as paixões,
eu comentei.
[...]
é que...simplesmente você não me escuta.'
e eu estou cagando.
os vícios,
acumulos alguns...
você me disse que necessitava de carinhos,
sou uma máquina extraordinária.
pois isso é um flerte.
mas não sou muito boa em dissimular.
comentaram sobre o cú-doce
e acho burrice em demasiado.
mas quando te vejo,
deus,
batem asas em meu estômago.
me dá um mal-estar.
e sou vacinada contra-paixões, ela me disse.
'pois eu li em algum lugar
que
há contra-indicação.'
como devo rotular?
dor de barriga?
tô cagando.
enquanto ele me grita:
'onde você está?'
e eu finjo escovar os dentes, e finjo desperdiçar água.
eu não sei.
eu
não sei.
tenho uns bilhetes, tenho uns céus fotografados em memória, mas...isso,
os movimentos uniformes...
hipocondríaca - passando 'o mal-do-estar'.
tô cagando, porra.
[grito sem querer.]
- 'ela não tem classe, me chamou pra ver a casa, a cama...e disse que estava cagando. puta suja.'
-' puta sacanagem, irmão'
-' pois é.'
-' não comia nem de graça.'
-' nem eu.'
- 'pois é.'

e lá se foi,
com a merda, [a merda]
descendo
descarga abaixo.
MÉXICO
postado por . @ 20:39 0 Comentários
é que eu realmente preciso respirar
e tirar o mofo daquela mochila velha lá do maleiro.
enaltacer bolhas e dar bicadas de goles de hora em hora.
fazer com que sinta saudades de todos,
até de você - meu amigo.
preciso dançar por entre postes e calçadas velhas,
preciso de ar.
ouvir os cantos de outros pássaros...
conhecer outros que me levem por tão menos que você - meu amigo.
camas duras, outros lençois;
os pães, e os doces.
preciso comer em outro lugar - meu amigo.
e dê sorte de eu ser livre e voltar,
pra casa.
e ainda escrever pra dizer que não morri no méxico.
mas eu sempre estarei por aqui, e por lá.
com amor,
eu.